sábado, 30 de março de 2013

Ensaio sobre a análise fílmica



Tendo em vista que a análise fílmica não é um fim em si – é uma prática que procede de um pedido, o qual está situado em um contexto (institucional). Porém, esse contexto é variável, e disso resultam demandas igualmente variáveis. A definição do contexto é fundamental para o enquadramento da análise.

Dessa forma, a obra pretende transmitir alguns princípios, instrumentos, condutas válidas em todos os contextos, a partir do momento em que se parte de um objeto-filme para analisá-lo, ou seja, para desmontá-lo e reconstruí-lo de acordo com uma ou várias opções a serem precisadas.
Está explícito o esforço por compreender exatamente os elementos expostos para o desenvolvimento da análise fílmica. Primeiramente, propõe alguns pontos de reflexão geral relativos à história das formas cinematográficas, as ferramentas da narratologia e os problemas da interpretação. Em seguida, propõe análises do plano isolado ao filme inteiro.

Na segunda parte são apresentadas análises práticas – que não são exemplos, visto que se apresentam parciais, incompletas, e poderiam ser reduzidas, prolongadas ou reenquadradas. Apenas servem para completar as reflexões da primeira parte, operando o encontro entre princípios gerais e o material fílmico real. Filmes de Grifith, Hitchcock, Truffaut, Angelopoulos e Jarmush, entre outros, compõem o elenco das obras apresentado pelos autores para estimular o desenvolvimento da capacidade analítica (e crítica) em cinema.

Não existe receita para se compor uma análise ou regras rígidas a serem seguidas. Qualquer análise tem uma finalidade – publicação na imprensa, expressão da opinião pessoal ou trabalho universitário – e tem por base uma visão sócio-histórica do enredo e do tema apresentados.

O comentador se tornaria, ao mesmo tempo, um “criador”. Seu talento se revela através da arte de manipular o objeto de análise, de associar seus elementos, de saber interpretá-los, mas igualmente, e sobretudo, na arte de formular seu comentário e fazê-lo “viver”.

No que se refere à análise, apresentam-se as questões: O que a conduz, em que contexto e com que objetivo? Como, por quem o eixo de análise será determinado? Pela demanda? Pelo próprio analista? De acordo com seus interesses, suas obsessões? Esse eixo é pertinente ao objeto?

Afinal, não é necessário ‘gostar’ de um filme para analisá-lo bem – alguns sugerem que isso seria até um obstáculo. Trata-se da atitude de quem gosta de ‘analisar’, isto é, compreender seu objeto, e como ele compreende.

erando o encontro entre princípios gerais e o material fílmico real. Filmes de Grifith, Hitchcock, Truffaut, Angelopoulos e Jarmush, entre outros, compõem o elenco das obras apresentado pelos autores para estimular o desenvolvimento da capacidade analítica (e crítica) em cinema.


Vanoye, Francis & Goliot-Lété, Anne - Ensaio sobre a análise fílmica - Papirus - São Paulo, 7ª edição, 2011 - 143 páginas.

O fichamento do livro está disponível em meu perfil no ISSUU (links).