terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Livre-se das dívidas

O endividamento inconsciente possui poder altamente destrutivo 

Logo de cara, Domingos faz um traçado o paralelo entre os prós e contras do endividamento. Se, por um lado o financiamento possibilita a realização de muitos sonhos materiais (como o da casa própria), o autor afirma que, por outro, o brasileiro adquiriu a cultura do endividamento; ou seja, boa parte da população (se não a maioria) aprendeu a viver com dívidas e sente um ‘vazio’ se não tiver um carnê ou prestação para pagar...

De um modo prático, o livro aborda situações como as dívidas de valor (casa própria, carro, computador etc.) e as sem valor, que compreendem os altos valores do cheque especial e parcelamentos do cartão de crédito, entre outros.
Além de apontar os tipos mais comuns de dívidas, o autor comenta ainda as características das pessoas que compram por impulso; as diferenças entre o essencial e o supérfluo; o perfil psicológico e os problemas de autoestima do comprador compulsivo; e, principalmente, o que fazer quando as dívidas cresceram tanto que são maiores do que as receitas.

“Mais do que mostrar o caminho da educação financeira, é preciso confiar, é preciso acreditar, é preciso resgatar a humildade de reconhecer os próprios erros e saber que sempre é possível começar de novo”, declara Domingos na sessão Agradecimentos. Assim, ele busca mostrar que é possível, sim, viver melhor financeiramente, mesmo com dívidas. Qualquer pessoa pode encontrar o equilíbrio nas finanças, desde que respeite os parâmetros básicos e treine a visão para enxergar seu próprio comportamento frente às dívidas de forma clara e objetiva. “Porque uma coisa é ter dívidas; outra coisa é não ter como pagar as dívidas que se tem, o que chamamos de inadimplência”, observa o autor.

Na terceira e última parte, Domingos orienta o combate às causas do endividamento permanente; fala sobre portabilidade de crédito; ensina a calcular os juros e lista os dez mandamentos para não se endividar.

O objetivo do livro é mostrar o poder destrutivo que o endividamento inconsciente pode ter na vida das pessoas e apontar os cuidados antes e depois de se endividar. Para o especialista, só a visão ampla do problema do endividamento, aliada à disposição de ataca-lo na base, pode trazer resultados efetivos e permanentes, nos possibilitando melhores escolhas e uma vida financeira feliz.
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Ficha técnica:
Livre-se das dívidas
Reinaldo Domingos
Número de páginas: 117

A agenda

É possível tornar-se mais humano, deixando sua marca
em uma agenda real, sem um dezembro que a encerre

A obra de João Varella engana à princípio, pois pode-se pensar que se trata de um romance picante, com detalhes da vida íntima da personagem central (pelo menos, foi isso que me ocorreu assim que peguei o livro).

Mas, não é bem assim; o ponto central da história é a questão da autoria. Seguindo a estrutura do clássico As mil e uma noites, no qual Sherazade vai revelando os fatos aos poucos, para que o rei fique satisfeito e desista de executá-la, Varella procura construir a narrativa em torno de pessoas que parecem igualmente lutar para sobreviverem.


O cenário é o cotidiano urbano de Sandra Macedo, bem sucedida executiva de marketing, porém, com uma vida afetiva repleta de frustrações. Por isso, ela acaba se envolvendo com pessoas que podem comprometer a sua carreira e a saúde emocional.

A trama vai se desenrolando entre as desventuras amorosas de Sandra e a luta diária de Carrano, o poeta maldito, que tenta a todo custo ser reconhecido como escritor. O enredo fica interessante mesmo é na página 89, quando Carrano, ao ser expulso de um táxi depois de uma discussão por causa do valor, está caído no meio-fio em meio aos manuscritos que ele tentava vender e uma espécie de livro de capa dura – tudo atirado sobre ele pelo taxista enfurecido.

A partir deste momento, as histórias de Sandra e Carrano se cruzam, e a executiva começa a perceber que existe vida fora de sua agenda; e que é possível se tornar mais humano, deixando sua marca em uma agenda real, sem prazo de validade e sem um dezembro que a encerre.
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Ficha técnica:
A agenda
João Varella
Número de páginas: 237

Valério, um caso de obsessão

A falta de perdão aprisiona os seres e os leva a ações que 
podem ter consequências surpreendentemente perturbadoras

O romance mediúnico de Emanuel Cristiano adentra o drama da obsessão espiritual na vida de pessoas comuns. Baseado em fatos reais, os protagonistas espirituais Marcus Augusto, Olavo e Osório, liderados pelo obsessor Lourenço Ventura, estão há séculos se debatendo no ódio e na intolerância e buscam vingança na ação ostensiva sobre a mente e o espírito de seus desafetos.

Perseguidor ferrenho de Valério e sua família, Lourenço articula com seus ‘subordinados’ toda forma de perturbação espiritual para, assim, atingir seu objetivo. Os personagens da trama se veem envolvidos pelas sombras que se utilizam de várias formas de influência negativa, que inclui obsessão na infância, na vida adulta e até na velhice. A história aborda ainda traição, bullying, reencarnação de espíritos obsessores, aborto, mediunidade, sonhos, reuniões mediúnicas; e, no final, há uma breve explicação sobre a diferença entre obsessão e possessão à luz do Espiritismo.

A narrativa é atraente e desperta o desejo de continuar para saber o desfecho. Para aqueles que gostam de conhecer mais e estudar a Doutrina Espírita, é uma obra interessante, pois Cristiano, por meio da orientação do Espírito Nora, esclarece os fatos ocorridos com cada personagem e sua relação com vidas passadas. A obra busca explicar também o mecanismo da misericórdia divina sobre um dos principais dramas ocultos da humanidade: a influência e opressão espirituais sobre os encarnados.

Os trechos de diálogos entre as entidades de luz (mentores) é bastante esclarecedor no que se refere às atitudes humanas e suas consequências; ou seja, mais uma vez, é a Lei de Ação e Reação operando na vida de todos. Os leitores podem contar também com as notas nas laterais de cada página, que trazem os significados das palavras contidas nos textos.
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Ficha técnica:
Valério, um caso de obsessão
Emanuel Cristiano
Editora Fidelidade
Número de páginas: 320

Conversando com os cães

Errar é humano, perdoar é canino

Simples e despretensioso, o pequeno livro de Kate Solisti-Mattelon é dedicado a sua cadelinha Mollie que, segundo ela, foi como um farol em sua vida. A autora, que é profissional em comunicação com os animais, pretende mostrar em sua obra que é possível ouvir e aprender a linguagem deles.
Conforme descrito por Kate, os cães, em especial, possuem um amor cheio de entusiasmo e clareza, além da incrível capacidade de perdoar – ela cita, inclusive, a frase: “Errar é humano, perdoar é canino” (autoria desconhecida), na página 89.


Na tarefa de suprir a carência na comunicação entre humanos e animais, Kate resolveu reunir as principais mensagens transmitidas pelos cachorros às pessoas de seu convívio. Ainda de acordo com a autora, não se trata de manual que nos ensina a cuidar dos nossos cachorros, mas sim, um instrumento para facilitar nossa compreensão em relação a eles. 

Cada capítulo é permeado de imagens acompanhadas de imagens, subtítulos e citações de frases, como por exemplo, no cap. 8, pág. 101: “Tudo o que eu preciso saber sobre os cães é que eu os amo, e os cães parecem me dizer: ‘Tudo bem, você pode me amar’. Isso é tudo e nada mais” (Joe Garagiola).

Conversando com os cães é de fácil leitura; os capítulos são curtos e os textos parecem ter sido escritos por ‘cachorros’ mesmo. Ao virarmos as páginas, nos deparamos com perguntas que a autora supõe que gostaríamos de fazer aos cachorros, seguidas, obviamente, das respostas ‘deles’!

Ao todo, o livro contém dez capítulos, entre os quais, Kate expõe sua teoria de que o melhor amigo do Homem pode oferecer as respostas que tanto buscamos, por meio da simplicidade de sua ‘sabedoria canina’. Isso pode ser traduzido na colocação de Kate, antes mesmo do sumário: “É de surpreender que a palavra God (Deus, em inglês) seja dog (cão, em inglês), de trás para frente?”.
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Ficha técnica:
Conversando com os cães
Kate Solisti-Mattelon
Editora Cultrix
Número de páginas: 147