quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Terapia financeira


Diagnosticar, sonhar, orçar e poupar

Problemas na autoestima geralmente são resolvidos com terapia. O desarranjo nas finanças também, já que este comportamento interfere diretamente na qualidade de vida e no conceito do ser humano sobre si mesmo. Por isso, o livro do educador financeiro Reinaldo Domingos é altamente indicado, seja qual for o perfil econômico do leitor.

O autor propõe uma pergunta desafiadora que nos leva a refletir seriamente sobre a saúde do nosso bolso: “Se a partir de hoje você não recebesse mais o seu ganho mensal, por quanto tempo conseguiria manter seu atual padrão de vida? (...) como você pagaria suas despesas e faria frente aos seus compromissos financeiros?”. Não vale mentir na resposta, afinal, ninguém consegue enganar a própria consciência...

A partir dessa questão, já percebemos que a obra é destinada a qualquer um de nós, não importando se nossa conta está ou não no vermelho. Ao ser tão direto logo de cara, Reinaldo quer apenas chamar a atenção para o fato de a maioria das pessoas não possuir uma reserva financeira para enfrentar imprevistos. Entretanto, o autor cutuca, mas também propõe a solução, por meio da metodologia DSOP.

Entre os temas tratados, Reinaldo fala sobre consumo consciente, endividamento, previdência privada, seguro de vida; e traz ainda dicas de como negociar com instituições financeiras e comerciantes, e escolher a forma de pagamento mais adequada em cada situação. A obra também inclui tabelas com exemplos de custos, tanto de dívidas quanto de investimentos, já considerando juros e correções.

O método para se educar financeiramente é simples e consiste em Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar. No passo a passo proposto no livro, o leitor conseguirá fazer um diagnóstico de seus gastos e finanças como um todo (incluindo dívidas, prestações etc.); aprender a priorizar seus sonhos, fazendo com que eles caibam em sua realidade; e a poupar com inteligência, possibilitando viver da forma como deseja, sem ser assombrado pelo fantasma das dívidas e da escassez.

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Ficha técnica:
Terapia financeira
Reinaldo Domingos
Número de páginas: 133

domingo, 6 de setembro de 2015

Longe dos corações feridos



O verdadeiro amor é aquele que supera as paixões momentâneas e 
permanece nas almas pela eternidade

Romance espírita ambientado em 1948. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, dois militares da Força Aérea americana vivem dois conflitos: o do amor e o do patriotismo. O hábil piloto Joe Evans e seu melhor amigo, Don Delmore, são enviados às Filipinas para uma missão do governo dos Estados Unidos. Porém, a maior angústia de Joe é ter de deixar em seu país a jornalista Laurie Stevenson, o grande amor de sua vida. 

Antes da viagem, Joe apresenta a namorada para Don, no baile dos oficiais, o evento mais esperado pelos militares. Ao deparar-se com o amigo do namorado, Laurie sente uma estranha emoção, e logo é tomada por sentimentos contraditórios, que se mesclam em atração e repulsa. Então, nesse instante tem início novo triângulo amoroso entre os personagens, trazendo à tona situações do passado que já haviam envolvido os três.

Com uma narrativa envolvente, o Espírito Eugene, através da psicografia da médium Tanya Oliveira, busca chamar nossa atenção para os compromissos afetivos que assumimos em várias existências e as consequências de nossas escolhas equivocadas. O trecho a seguir confirma este conceito: “Assim, ao confrontarmos nossas atitudes infelizes com as sábias leis do nosso Pai, nós mesmos sentimos a necessidade do reajuste e da vivência de determinadas experiências que nos remeteram à posição dos que porventura fizemos sofrer um dia”.

A história de Laurie, Joe e Don, ao longo do tempo, traz a ideia de que o verdadeiro amor é aquele que supera as paixões momentâneas e permanece nas almas por toda a eternidade.  
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Ficha técnica:
Longe dos corações feridos
Tanya Oliveira / Espírito Eugene
Lúmen Editorial, 2005 – 2ª edição
Número de páginas: 335

Passos de um gigante



O romance mediúnico que aborda caridade, preconceitos e como religião e política podem interferir no contexto de vida de cada um

A obra mediúnica conta a trajetória de Vicente, em uma de suas encarnações. Neto de imigrantes judeus poloneses (por parte de pai), nasceu no Brasil, no Estado do Paraná, em dezembro de 1899. Devido a uma doença rara, que fazia com que seus ossos crescessem acima do normal, ganhando densidade, Vicente sofria a angústia de possuir um corpo físico sem atrativos e até desengonçado, já que sempre teve estatura bem maior do que a média das pessoas. Entretanto, possuía uma inteligência sagaz e refinada, que lhe permitia formar um senso crítico do mundo à sua volta.

Nascido e criado em uma família de origem e tradição judaicas, porém, de mente aberta, uma raridade até nos dias de hoje, Vicente teve a felicidade de conviver com o avô paterno, Henrique (o seu Henri), já que o pai, Alfredo, estava sempre ausente por conta do trabalho.

Completamente descrente de Deus, a despeito da religiosidade de sua família, Vicente acreditava que nós viemos do pó e ao pó retornaremos. Apesar de se declarar ateu convicto, o personagem central possuía, em paralelo, uma noção bem embasada da caridade e do amor ao próximo – ideia transmitida pelo avô, que sempre o chamou de ‘Vincent’.

Por causa da enfermidade, Vicente desencarnou ainda jovem, aos 29 anos. No momento da morte, ele consegue visualizar o pai, Alfredo, já desencarnado, que lhe diz: “(...) Anda, venha! Seu coração até que resistiu bem! Não se lamente! Enquanto vivo, teve de tudo: amor de mãe, pai, avô. Casou-se com a mulher mais bela que já vi, e ela lhe amou sem se importar com riqueza ou pobreza. Foi maior e mais forte que todos os seus colegas. Possuiu uma inteligência acima da média, tão acima da média que o fez questionar Deus. Nunca passou fome e mesmo as suas dores foram minoradas. Ainda assim a sua vaidade persistiu”.

Em um enredo atraente e de linguagem simples, a obra nos traz temas atemporais, como preconceitos, maledicência, bullying, inveja, entre outros. Alguns trechos são narrados pelo mentor Ariel; ao final, ele também colabora com suas considerações sobre a situação do Espírito Vicente, que, após o desencarne, passou muitos anos no umbral, voluntariamente, por seu extremo ceticismo.

Depois de duas décadas nas sombras, Vicente é resgatado e reúne-se com um grupo de amigos espirituais que o ajudam a compartilhar sua história.
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Ficha técnica:
Passos de um gigante
Mônica A. Cortat
Número de páginas: 412

Depois de Auschwitz


O relato emocionante e perturbador de uma sobrevivente 
do 'inferno' criado pelo terceiro Reich

Em sua obra, a judia holandesa Eva Schloss, meio-irmã de Anne Frank, conta como sobreviveu a um dos episódios mais dolorosos e repugnantes da Humanidade: os campos de concentração da Segunda Guerra. Enviada com a família para Auschwitz-Birkenau, o maior campo de extermínio nazista, localizado na Polônia, Eva tinha acabado de completar 15 anos de idade, e já era colocada frente ao mais sombrio e perverso aspecto do ser humano. Sem delongas, nem eufemismos, a autora e protagonista narra tudo o que viveu durante os anos da perseguição aos judeus, e o que fez para sobreviver no ‘inferno’ criado pelo terceiro Reich.

O livro traz momentos perturbadores da vida no campo de extermínio, com detalhes das humilhações e castigos sofridos, incluindo a mistura angustiante de pavor e suspense, aliados a uma força sobrenatural que as mantinha vivas. Apesar das situações inimagináveis, especialmente Eva procurava todos os meios possíveis de amenizar o sofrimento e sair viva daquela experiência surreal. A presença da mãe (Elfriede, ou Fritzi) a ajudou bastante nessa empreitada, pois uma se apegava a outra para suportar as provações.

Algum tempo depois do final da guerra, Otto Frank, pai de Anne Frank, retornou à Holanda e começou a se relacionar com Fritzi. Segundo Eva, o relacionamento dos dois surgiu do sentimento de perda e da dor que ambos sentiam. Eles se casaram em 1953, e Otto deu de presente à Eva a câmera Leica que ele usava para fotografar as filhas Anne e Margot. No livro, Eva afirma: “Ele me deu a câmera (...) para que assim eu pudesse encontrar minha própria direção no mundo e me tornar fotógrafa. Usei aquela câmera por muitos anos e a tenho até hoje”.

Eva também constituiu sua própria família e passou a ministrar palestras contando ao mundo a história do Holocausto e suas experiências pessoais. Ao final da narrativa, a autora revela suas sensações: “Cresci no que estava longe de ser um mundo maravilhoso, mas ainda encontrei uma vida cheia de alegria e amor, e o meu pesar mais profundo é que Pappy (o pai) e Heinz (o irmão) não puderam compartilhar comigo isso”.

Entretanto, a pergunta de uma adolescente da Somália, após um dos seminários de Eva, fica sem resposta - a menina questionou se o Holocausto pode voltar a acontecer - e a palestrante apenas disse: “Não posso responder isso, mas talvez você possa. Será que pode voltar a acontecer? Eu espero que não”.
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Ficha técnica:
Depois de Aushwitz
Eva Schloss
Número de páginas: 304