O romance mediúnico que aborda caridade, preconceitos e como religião e política podem interferir no contexto de vida de cada um
A obra mediúnica conta a trajetória
de Vicente, em uma de suas encarnações. Neto de imigrantes judeus poloneses
(por parte de pai), nasceu no Brasil, no Estado do Paraná, em dezembro de 1899.
Devido a uma doença rara, que fazia com que seus ossos crescessem acima do
normal, ganhando densidade, Vicente sofria a angústia de possuir um corpo
físico sem atrativos e até desengonçado, já que sempre teve estatura bem maior
do que a média das pessoas. Entretanto, possuía uma inteligência sagaz e
refinada, que lhe permitia formar um senso crítico do mundo à sua volta.
Nascido e criado em uma família de
origem e tradição judaicas, porém, de mente aberta, uma raridade até nos dias
de hoje, Vicente teve a felicidade de conviver com o avô paterno, Henrique (o
seu Henri), já que o pai, Alfredo, estava sempre ausente por conta do trabalho.
Completamente descrente de Deus, a
despeito da religiosidade de sua família, Vicente acreditava que nós viemos do
pó e ao pó retornaremos. Apesar de se declarar ateu convicto, o personagem
central possuía, em paralelo, uma noção bem embasada da caridade e do amor ao
próximo – ideia transmitida pelo avô, que sempre o chamou de ‘Vincent’.
Por causa da enfermidade, Vicente
desencarnou ainda jovem, aos 29 anos. No momento da morte, ele consegue
visualizar o pai, Alfredo, já desencarnado, que lhe diz: “(...) Anda, venha!
Seu coração até que resistiu bem! Não se lamente! Enquanto vivo, teve de tudo:
amor de mãe, pai, avô. Casou-se com a mulher mais bela que já vi, e ela lhe
amou sem se importar com riqueza ou pobreza. Foi maior e mais forte que todos
os seus colegas. Possuiu uma inteligência acima da média, tão acima da média
que o fez questionar Deus. Nunca passou fome e mesmo as suas dores foram
minoradas. Ainda assim a sua vaidade persistiu”.
Em um enredo atraente e de linguagem
simples, a obra nos traz temas atemporais, como preconceitos, maledicência,
bullying, inveja, entre outros. Alguns trechos são narrados pelo mentor Ariel;
ao final, ele também colabora com suas considerações sobre a situação do
Espírito Vicente, que, após o desencarne, passou muitos anos no umbral,
voluntariamente, por seu extremo ceticismo.
Depois de duas décadas nas sombras,
Vicente é resgatado e reúne-se com um grupo de amigos espirituais que o ajudam
a compartilhar sua história.
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Ficha técnica:
Passos de um gigante
Mônica A. Cortat
Editora EME, 2013
Número de páginas: 412
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