O relato emocionante e perturbador de uma sobrevivente
do 'inferno' criado pelo terceiro Reich
Em sua obra, a judia holandesa Eva
Schloss, meio-irmã de Anne Frank, conta como sobreviveu a um dos episódios mais
dolorosos e repugnantes da Humanidade: os campos de concentração da Segunda
Guerra. Enviada com a família para Auschwitz-Birkenau,
o maior campo de extermínio nazista, localizado na Polônia, Eva tinha acabado
de completar 15 anos de idade, e já era colocada frente ao mais sombrio e
perverso aspecto do ser humano. Sem delongas, nem eufemismos, a autora e
protagonista narra tudo o que viveu durante os anos da perseguição aos judeus, e
o que fez para sobreviver no ‘inferno’ criado pelo terceiro Reich.
O livro traz momentos perturbadores
da vida no campo de extermínio, com detalhes das humilhações e castigos sofridos,
incluindo a mistura angustiante de pavor e suspense, aliados a uma força
sobrenatural que as mantinha vivas. Apesar das situações inimagináveis,
especialmente Eva procurava todos os meios possíveis de amenizar o sofrimento e
sair viva daquela experiência surreal. A presença da mãe (Elfriede, ou Fritzi)
a ajudou bastante nessa empreitada, pois uma se apegava a outra para suportar
as provações.
Algum tempo depois do final da
guerra, Otto Frank, pai de Anne Frank, retornou à Holanda e começou a se
relacionar com Fritzi. Segundo Eva, o relacionamento dos dois surgiu do
sentimento de perda e da dor que ambos sentiam. Eles se casaram em 1953, e Otto
deu de presente à Eva a câmera Leica que ele usava para fotografar as filhas
Anne e Margot. No livro, Eva afirma: “Ele me deu a câmera (...) para que assim
eu pudesse encontrar minha própria direção no mundo e me tornar fotógrafa. Usei
aquela câmera por muitos anos e a tenho até hoje”.
Eva também constituiu sua própria
família e passou a ministrar palestras contando ao mundo a história do
Holocausto e suas experiências pessoais. Ao final da narrativa, a autora revela
suas sensações: “Cresci no que estava longe de ser um mundo maravilhoso, mas
ainda encontrei uma vida cheia de alegria e amor, e o meu pesar mais profundo é
que Pappy (o pai) e Heinz (o irmão) não puderam compartilhar comigo isso”.
Entretanto, a pergunta de uma adolescente
da Somália, após um dos seminários de Eva, fica sem resposta - a menina questionou
se o Holocausto pode voltar a acontecer - e a palestrante apenas disse: “Não
posso responder isso, mas talvez você possa. Será que pode voltar a acontecer?
Eu espero que não”.
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Ficha técnica:
Depois de Aushwitz
Eva Schloss
Universo dos Livros, 2013
Número de páginas: 304
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