domingo, 6 de setembro de 2015

Depois de Auschwitz


O relato emocionante e perturbador de uma sobrevivente 
do 'inferno' criado pelo terceiro Reich

Em sua obra, a judia holandesa Eva Schloss, meio-irmã de Anne Frank, conta como sobreviveu a um dos episódios mais dolorosos e repugnantes da Humanidade: os campos de concentração da Segunda Guerra. Enviada com a família para Auschwitz-Birkenau, o maior campo de extermínio nazista, localizado na Polônia, Eva tinha acabado de completar 15 anos de idade, e já era colocada frente ao mais sombrio e perverso aspecto do ser humano. Sem delongas, nem eufemismos, a autora e protagonista narra tudo o que viveu durante os anos da perseguição aos judeus, e o que fez para sobreviver no ‘inferno’ criado pelo terceiro Reich.

O livro traz momentos perturbadores da vida no campo de extermínio, com detalhes das humilhações e castigos sofridos, incluindo a mistura angustiante de pavor e suspense, aliados a uma força sobrenatural que as mantinha vivas. Apesar das situações inimagináveis, especialmente Eva procurava todos os meios possíveis de amenizar o sofrimento e sair viva daquela experiência surreal. A presença da mãe (Elfriede, ou Fritzi) a ajudou bastante nessa empreitada, pois uma se apegava a outra para suportar as provações.

Algum tempo depois do final da guerra, Otto Frank, pai de Anne Frank, retornou à Holanda e começou a se relacionar com Fritzi. Segundo Eva, o relacionamento dos dois surgiu do sentimento de perda e da dor que ambos sentiam. Eles se casaram em 1953, e Otto deu de presente à Eva a câmera Leica que ele usava para fotografar as filhas Anne e Margot. No livro, Eva afirma: “Ele me deu a câmera (...) para que assim eu pudesse encontrar minha própria direção no mundo e me tornar fotógrafa. Usei aquela câmera por muitos anos e a tenho até hoje”.

Eva também constituiu sua própria família e passou a ministrar palestras contando ao mundo a história do Holocausto e suas experiências pessoais. Ao final da narrativa, a autora revela suas sensações: “Cresci no que estava longe de ser um mundo maravilhoso, mas ainda encontrei uma vida cheia de alegria e amor, e o meu pesar mais profundo é que Pappy (o pai) e Heinz (o irmão) não puderam compartilhar comigo isso”.

Entretanto, a pergunta de uma adolescente da Somália, após um dos seminários de Eva, fica sem resposta - a menina questionou se o Holocausto pode voltar a acontecer - e a palestrante apenas disse: “Não posso responder isso, mas talvez você possa. Será que pode voltar a acontecer? Eu espero que não”.
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Ficha técnica:
Depois de Aushwitz
Eva Schloss
Número de páginas: 304

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