sexta-feira, 15 de julho de 2011

A Era do Espírito


"Espíritas, amai-vos e instruí-vos"
No século XIX, o fenômeno das mesas girantes agitou a Europa. Alvo de curiosidade nos saraus parisienses motivava reportagens na imprensa da época. As mesas se moviam e respondiam a questões mediante batidas no chão (tiptologia). Essas manifestações chamaram a atenção do professor Hyppolyte León Denizard Rivail.  Educador, autor de livros didáticos e adepto de rigoroso método de investigação científica, o professor Rivail não aceitou imediatamente a fenomenologia das mesas girantes, mas a estudou com atenção e observou que havia uma força inteligente que as movia. Então, passou a investigar a natureza dessa força, que se identificou como ‘Espíritos dos homens’ que haviam morrido. Rivail analisou as respostas, comparou-as e submeteu-as ao crivo da razão. Os dados foram anotados e ordenados – por isso as obras para o espiritismo receberam a denominação de ‘Codificação’.

Os autores da doutrina espírita são os Espíritos superiores. Assim que o professor Rivail percebeu que as informações formavam um conjunto de proporções doutrinárias, decidiu publicar um livro, e no dia 18 de abril de 1.857 nasceu, em Paris, o ‘Livro dos Espíritos’. Em sua primeira edição, o volume continha 501 questões. Posteriormente, em 1.860, foi lançada a segunda edição com 1.019 questões, além das anotações de Rivail. Resistindo a um século e meio de evolução cultural, filosófica, científica e tecnológica, o ‘Livro dos Espíritos’ continua sendo uma completa síntese de informações contemporâneas, oferecendo subsídios de alto significado aos seus pesquisadores.

Para diferenciar a obra espírita da produção pedagógica, o educador adotou o pseudônimo de Allan Kardec. E sua missão estava apenas no início. Em janeiro de 1.858 Kardec lançou a ‘Revue Spirite’ (‘Revista Espírita’) e, em abril do mesmo ano fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – o primeiro centro espírita do mundo. O Codificador do Espiritismo (como ficou conhecido) publicou ainda outros quatro livros: ‘O que é o Espiritismo’ (1.859), ‘O livro dos médiuns’ (1.861), ‘O Evangelho segundo o Espiritismo’ (1.864), ‘O céu e o inferno’ (1.865) e ‘A gênese’ (1.868), completando assim os cinco livros da Codificação.

Kardec situou toda a sua pesquisa em bases experimentais, com o intuito de estabelecer a veracidade dos fatos e submeter ao controle da razão os ensinos coletados pelos Espíritos, pois verificou entre eles divergências de opiniões, atribuídas aos diferentes estágios evolutivos das entidades comunicantes. Utilizando-se da mediunidade o Codificador demonstrou à sociedade a sobrevivência do Espírito ao desencarne, e as várias experiências reencarnatórias como fator fundamental para o processo evolutivo ao qual está destinado. O mestre de Lyon nos proporcionou a visão otimista em torno da jornada terrestre, assinalando que a responsabilidade pelo progresso ou o estacionamento na via do crescimento intelecto-moral é de cada um. Desfez a mitologia a respeito dos eternos castigos e penas, assim como das indulgências e benesses celestes concedidas a passe de mágica. O Pentateuco kardequiano traz em seu conteúdo o conhecimento universal vinculado as mais diversas ciências humanas. O trabalho de Kardec nos mostra que a doutrina espírita, na condição de Consolador prometido por Jesus, veio esclarecer ao Homem que a vida não termina com a morte do corpo, que ele é um Espírito imortal que já teve inúmeras encarnações nas quais desenvolveu progressos morais e intelectuais, e que a comunicação com o plano espiritual é um fato.

O Espiritismo possui um roteiro de vida que assegura paz duradoura através da vivência do Evangelho do Cristo. Emmanuel, orientador espiritual de Chico Xavier, em seu texto ‘O mestre e o apóstolo’, deixa explícita a admiração ao Codificador quando diz: “Luminosa a coerência entre o Cristo e o apóstolo que Lhe restaurou a palavra. Jesus, a porta. Kardec, a chave”.

Em 1.890, cerca de vinte anos após o desenlace de Kardec, seus amigos reuniram textos e anotações inéditos e publicaram ‘Obras póstumas’, que contém importantes registros acerca de pontos doutrinários e fundamentação do Espiritismo. Aqui, a biografia do mestre lionês é intercalada com o surgimento do Espiritismo, um precioso legado às sociedades espíritas do futuro.

"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, esta é a lei"

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