sábado, 2 de julho de 2011

Ler ou não ser


A trajetória da humanidade 
impressa através dos tempos

Certo dia, em uma época muito distante, alguém resolveu rabiscar na parede da caverna onde vivia imagens que seus olhos haviam registrado. Cenas do cotidiano, rituais religiosos, animais e figuras humanas – tudo cravado na rocha. Os desenhos rupestres, assim denominados, nasceram há cerca de 40.000 anos e representam o primeiro registro da saga do Homem sobre a Terra, sua forma de se comunicar. Porém, a escrita só surgiria por volta de 4000 a.C., entre os sumérios, antigo povo da Mesopotâmia. As tábuas de argila e seus signos conhecidos como cuneiformes foram um importante legado de nossos antepassados para que conhecêssemos hoje sua cultura. Ao mesmo tempo, os egípcios também desenvolveram sua forma de escrever – na verdade, eram duas: a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). O papiro, uma espécie de papel produzido a partir da planta do mesmo nome, era utilizado para escrever.

Os fenícios criaram o alfabeto e o propagaram através do Mediterrâneo, devido às suas atividades comerciais. A partir das letras fenícias é que surgem os idiomas hebraico, aramaico e grego primitivo. O primeiro registro de obras literárias de que se tem notícia surgiu na Grécia antiga. Os poemas Ilíada e Odisséia, ambos atribuídos a Homero, contavam as aventuras do célebre Ulisses e a Guerra de Tróia. Esopo ficou conhecido por suas fábulas, e Heródoto foi o primeiro historiador. Entre os romanos, as sátiras constituem um dos estilos literários praticados até hoje. Cícero (séc.I a.C.), filósofo, orador, escritor, advogado e político foi considerado pela Igreja católica como “pagão justo”, e, por esta razão, teve suas obras “Da República” e “Das Leis” preservadas pelo clero. 


A literatura da Idade Média passou pelas “Canções de Gesta”, que correspondiam a narrativas anônimas de aventuras de guerra, e pelas lendas “arturianas”, novelas de cavalaria contadas em prosa. A busca do Santo Graal (cálice sagrado) e as peripécias do rei Artur e os cavaleiros da távola redonda atravessaram os séculos.


Com o nascimento do Humanismo, a literatura ainda mantém características religiosas, porém, já podem ser notados os sinais do Renascimento com a retomada dos ideiais greco-romanos, considerados pagãos e recusados pela Igreja. O estilo é reforçado pelo movimento denominado Classicismo, que resgata o padrão e as formas da cultura clássica. As ideias da contra-reforma marcaram profundamente o século XVII, especialmente os países europeus de tradição católica, e influenciaram o universo artístico e literário. As mudanças começam com o culto à valorização da razão e da ciência para se chegar ao conhecimento humano. A partir da abertura do universo das ideias, a maior participação da sociedade nos fatos políticos e econômicos, a liberdade de expressão e a inserção do homem como indivíduo no contexto histórico, os gêneros literários acompanharam de perto as muitas fases da História humana. A literatura muda o foco do interesse pelas relações entre o homem e o mundo para uma crítica da natureza da própria ficção.

Hoje, a forma de ler mudou de roupagem: o futuro da impressão já chegou, e é digital. A indústria gráfica define impresso digital como “qualquer equipamento que registre sobre papel, ou outro suporte, as informações recebidas de um computador na forma de dados digitais sem que haja necessidade de gravar qualquer tipo de matriz para transferência dessas informações”.

Mas, qual será o futuro dos livros, jornais e revistas impressos? Eles permanecerão, apesar do impacto que vem sofrendo com os meios colocados à disposição do público através da rede mundial de computadores. Os blogs, sites e redes sociais como um todo criaram efetivamente um novo hábito de leitura, que vem ganhando força no mundo inteiro, incluindo o Brasil, onde a busca pelos livros não é um costume, embora essa tendência tenha se modificado nos últimos anos.

Os jornais, por exemplo, resolveram se adiantar às previsões e lançaram seu conteúdo eletrônico, entretanto, mantiveram sabiamente o exemplar tradicional diariamente à porta do leitor.

A despeito dos milhões de obras digitalizadas disponíveis na internet, a obra impressa em papel continua sendo a preferida tanto para o ensino, como para o lazer, bem como para os diversos tipos de embalagens e documentos não digitais. Certamente, o consumo do papel impresso terá uma demanda acima das expectativas. Menores tiragens, porém, com títulos e produtos diversificados, sem abrir mão de um mercado economicamente sustentável. Não deixa de ser uma releitura, só que do meio ambiente.

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