terça-feira, 7 de novembro de 2017

Autor premiado lança romance esta semana



Esta semana, o escritor Tiago Feijó irá lançar seu romance de estreia, Diário da casa arruinada, pela editora Penalux. O autor, que escreveu também os contos Insolitudes,  já ganhou três prêmios literários.
O primeiro romance de Feijó aborda a sutil ruína de uma vida. Tudo começa com um homem que decide parar de fumar. Para incentivar-se, ele resolve criar um diário de ex-fumante. Mas o cigarro, anunciado estopim do projeto literário, aparece só no final da sétima página. Este detalhe pode ser a primeira de muitas pistas que indicam como a proclamada narrativa do abandono do vício se revela, na verdade.
O protagonista é Quim, jovem formado em letras que revisa artigos e escreve uma coluna sobre literatura no jornal de uma pequena cidade, não nomeada mas inspirada em Guaratinguetá. Casado com a artista plástica Madalena, é pai da pequena Selene. Apaixonado por livros, Quim é um escritor frustrado, que abandonou as tentativas de rabiscar sonetos e um romance imaginado mas nunca iniciado ainda na adolescência. 
Sua única família sempre foi seu pai, com quem diz gostar de passar o tempo. Os dois foram abandonados pela mãe, de quem Quim diz não ter rancor. Mas o protagonista nos diz muitas coisas no papel. Seus devaneios enquanto escreve nos falam outras, em narrativa formada por pensamentos que por vezes conflitam com os próprios escritos.
Tudo parece oculto sob uma espessa cortina (como se Quim, tendo largado o cigarro, não conseguisse se livrar da fumaça que embaça a visão do que se passa na sua casa, na sua vida); o questionamento sobre o cigarro indica que o abandono do hábito que sequer o aflige pode ser só uma desculpa para escrever. E a retomada do sonho juvenil não parece ter qualquer relação com prazer, o que, aliás, é um dos eixos do livro.
Quim revela ainda uma suposta crise no casamento com Madalena. O ardor, aparentemente, deu lugar à tepidez. Porém, não há brigas, gritos, desabafos. É na ausência das palavras e em conversações e comportamentos contidos que se evidencia a fissura encontrada pelo personagem em sua bolha familiar.

Viagem interior
 “A linha que me guiou é de um homem que não quer ver o que está diante de si, e precisa da escrita. Ele pensa numa escrita que vai revelar coisas que não consegue ver sozinho, ou não quer ver”, conta o autor. É como se os escritos tomassem vida própria, guiando Quim numa viagem para dentro de si. 
Em Diário da casa arruinada nada é anunciado, explicitado. A sutileza é a mola mestra que guia o leitor para um destino cujo teor horripilante contrasta com a brandura do caminho. O Quim de Tiago Feijó surpreende porque entra num inferno da alma quase sem perceber como é que chegou lá.

O autor
O romance será lançado dia 10, às 19h, no Salão de Exposição Cultural, no Centro de Guaratinguetá, onde vive o autor. No dia 12, o lançamento será durante a Balada Literária, no B_arco Centro Cultural, em São Paulo. 
Tiago Feijó, 34 anos, nasceu em Fortaleza (CE) e cresceu em Guaratinguetá, no interior paulista. Formado em letras clássicas pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), lançou em 2015 seu livro de estreia, Insolitudes (contos). A obra lhe rendeu o Prêmio Ideal Clube de Literatura de 2014 (quando o livro ainda era inédito) e o Prêmio Bunkyo de livro do ano 2016.  Em 26 de outubro, o autor também ganhou o prêmio Sesc/DF de Contos Machados de Assis com um conto inédito.

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