terça-feira, 7 de novembro de 2017

Livro aborda o fenômeno do cyberbullying de alunos contra professores


O livro Cyberbullying contra professores: dilemas da autoridade dos educadores na era da concentração dispersa, lançado pela Edições Loyola, oferece reflexões importantes à compreensão e ao enfrentamento de problemas cruciais no cenário atual da educação, como a prática da violência de alunos contra seus educadores. 
Fruto de pesquisas realizadas desde 2008 por Antônio Álvaro Soares Zuin, docente do Departamento de Educação (DEd), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), traz estudos das transformações históricas na autoridade do professor. Já no primeiro capítulo, o autor se dedica à análise do conceito de autoridade ao longo do tempo, desde a Antiguidade greco-romana, em diálogo com diversos autores. Em seguida, Zuin apresenta um capítulo que define o conceito de cyberbullying, destacando a particularidade da permanência do fenômeno relacionado ao bullying. 
"Em relação ao bullying, é consenso que não se trata de agressões isoladas e/ou esporádicas, mas sim da repetição de um comportamento. No entanto, no cyberbullying essa repetição não é necessária: uma vez publicada uma imagem depreciativa na internet, ela estará lá para sempre, sendo replicada e, muitas vezes, tornando-se viral", explica o pesquisador. Ele destaca ainda como essa permanência pode aumentar o sofrimento da vítima da agressão.
Além das reflexões teóricas, são analisados seis vídeos de cyberbullying, sendo três brasileiros e três de outros países (Portugal, Estados Unidos e Inglaterra), onde Zuin propõe o conceito de "concentração dispersa" para compreender como a atenção nunca permanece fixa em um ponto por mais de alguns segundos, e a capacidade de concentração é tão radicalmente transformada a ponto da dispersão tornar-se parte da sua constituição. 
O pesquisador destaca, de um lado, como essa configuração mina a autoridade do professor, já que as informações, antes concentradas em sua figura, agora podem ser obtidas mais rapidamente em uma busca no Google. De outro, defende que essa "autoridade da tecnologia" pode estar no cerne da violência de alunos contra professores. 
"O professor, historicamente, é a figura responsável por manter os alunos concentrados em uma determinada informação, e pela disciplina. Atualmente, porém, essa concentração é dolorosa, fica cada vez mais insuportável ler um livro ou qualquer texto um pouco maior. O prazer está nas telas, principalmente do celular e, por isso, a agressão é voltada justamente àquele que obriga à concentração", resume.
Por outro lado, o autor garante que a figura do professor não está fadada a desaparecer. "No livro, eu defendo que professores e alunos podem estar juntos no uso da novas tecnologias, com o professor atuando como um mediador de relações conceituais, já que o simples acesso às informações não garante o processo formativo. É preciso estabelecer relações entre essas informações, e o professor pode ser a figura que estimula o estabelecimento dessas relações, do qual emergem novas relações conceituais e pessoas e novas formas de aprendizagem", conclui o pesquisador.


168 páginas
Preço médio: R$ 26

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