quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Escravas de Atenas: mulheres sem direitos

Uma das premissas que permitia que a mulher pudesse ser vendida como escrava era se ela perdesse a virgindade antes do casamento

Na Grécia antiga, a mulher tinha patamares na sociedade, e isso determinava exatamente como seria tratada e sua segurança de vida. A esposa, que apenas vivia para sua família, sem contato nenhum com outros homens, era destinada a procriar e criar filhos legítimos.
A concubina era escrava, e livre ou não, ajudava seus senhores nas tarefas diárias. A prostituta, bem como em qualquer lugar, era responsável por fornecer o prazer aos homens e, assim, ajudava a preservar a castidade das mulheres puras e castas, vivia em casas que permitiam tal finalidade e não tinham garantia alguma de sobrevivência.
Uma das premissas que permitia que a mulher – considerada casta da sociedade – pudesse ser vendida como escrava era se ela perdesse a virgindade antes do casamento, mas, para Callíope, personagem do livro de Cindy Stockler, não foi assim. Uma grande confusão terminou em escravidão para a moça que acabara de se casar.
Numa viagem no tempo, Callíope – a escrava de Atenas traz de volta os monumentos, estátuas, cultura; e as ruas são detalhadas de uma forma viva e real. Além do romance, a obra permite uma imersão no contexto educacional com um apêndice explicativo sobre a época e costumes.

Rumos tortuosos
O orgulho e a raça das mulheres de Atenas se projetavam para além do desejo de construir uma família aos moldes da sociedade; elas mantinham a certeza de que aquela forma de viver as manteriam seguras.
Porém, com Callíope a história tomou outro rumo. Bonita, aos 15 anos foi entregue a um homem mais velho, conforme os costumes da época. Mas, em meio a confusão da Guerra do Peloponeso e ataques espartanos, e num revés inesperado, a jovem helênica é vendida como escrava.

“Tártaros queria “compensar” o patrão daquele gasto exagerado. Tão logo chegaram à casa, havia ele mesmo grosseiramente cortado os compridos e macios cabelos de Callíope rente à nuca para vender na ágora às ricas mulheres, para fazerem tranças. As outras escravas assistiram à cena onde a novata, ainda meio amedrontada, fora humilhada pelo capataz que, com brutalidade, lhe pegara os cabelos com uma das mãos, machucando-a, e com a outra passara um facão em linha reta, empurrando-a em seguida.

- Venha.... Eu a ajudo... – dissera uma escrava mais velha, apiedando-se da garota que, caída no chão, atordoada, mal conseguia se levantar”.

Longe da família, sem ninguém, não mais dona nem de seu próprio corpo, subjugada à ira do capataz que a odeia, sendo obrigada a ações humilhantes e assediada por ricos cidadãos que desejam seus “favores”, Callíope enfrenta o destino de cabeça erguida, em seu coração sempre prevalecendo a honra de seus pais.

Editora Letras do Pensamento
336 páginas
Preço médio: R$ 45

A autora
Cindy Stockler, romancista e advogada, é autora, entre outros, de “Operação Caipiroska” – romance que se passa em São Paulo. Especialista em ambientizar histórias em lugares singulares e detalhar cada peculiaridade da cultura, a escritora gosta de filmes e romances de época, além de viajar e conhecer as minúcias das grandes e pequenas cidades no Brasil e no mundo - o que contribui para suas idéias e seus romances.

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