terça-feira, 10 de outubro de 2017

Preso político lança livro


           Em A pequena prisão, escritor relata os quase sete meses de 
               cárcere em Bangu, após manifestações de 2013 e 2014

O escritor Igor Mendes lançou recentemente o livro A pequena prisão. Na obra, ele relata os quase sete meses em que esteve preso no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro. 
Em seu livro, Igor relata a rotina carcerária, a ausência de plataformas para se expressar, e as frases escritas com pasta de dente, nas paredes da cela, devido à proibição do uso de papel e caneta no local. O autor sugere, principalmente, uma profunda reflexão sobre o sistema prisional brasileiro.
O prefácio, assinado pela professora Vera Malaguti, que atua na Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), descreve a obra como "um grande livro sobre a pequena prisão". Em suas palavras, a professora também sugere que o texto de Igor talvez seja o mais importante dos últimos tempos sobre criminologia no Brasil.
"Tudo o que tentamos descrever como o sistema penitenciário brasileiro aparece aqui como uma verdade encarnada nos corpos dos seres humanos com que Igor conviveu em Bangu", completa Malaguti.
O lançamento do livro foi feito no final de setembro, no Sesc Ipiranga, São Paulo. Além dos autógrafos, foi realizada a "performance invisível", onde dez encadernadores (sob a coordenação do artista Pablo Peinado) confeccionaram cem livros, posteriormente numerados e assinados pelo autor.
O Sesc Ipiranga realizou ainda uma mesa de debate, com as presenças do próprio Igor, do advogado e jornalista Brenno Tardelli, e do escritor Jaime Guinzburg. A mediação foi feita pelo fotógrafo, jornalista e cineasta João Wainer.

Detenção
Igor foi preso em dezembro de 2014, após ter tomado parte em manifestações naquele ano e em 2013, quando tomou parte em um festival de cultura do Dia do Professor. À época, os jovens cariocas se organizaram para lutar contra medidas do governo de Sergio Cabral (PMDB), criando a Frente Independente Popular (FIP), que promoveu a campanha Não vai ter copa.
Em resposta houve perseguições e prisões de 23 ativistas, na véspera da final da Copa da Fifa 2014, processo que segue até hoje. Igor, que havia ficado foragido em junho, foi detido em dezembro do mesmo ano, com base em medida cautelar, que tinha por objetivo impedir o estudante de participar de manifestações públicas.
Ele permaneceu no complexo por seis meses e 22 dias, na condição de preso político, sendo libertado em junho de 2015. Anteriormente, intensa campanha por sua liberdade foi feita no País e no exterior.
A fragilidade do processo contra Igor foi reconhecido por órgãos dos direitos humanos, e o escritor recebeu a medalha Chico Mendes, da ONG Tortura Nunca Mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário